Por: Redação
SESC São Paulo realiza a segunda edição do SESC Jazz entre os dias 08 e 27 de Outubro
- Por Denis Souza --
- 08/10/2019
Sun Ra Arkestra, The Art Ensemble of Chicago, Arturo Sandoval, Egberto Gismonti, John Zorn, Gary Bartz e Women’s Improvising Group são alguns dos 26 artistas de 12 nacionalidades que subirão ao palco de nove unidades do SESC na capital, Grande São Paulo, litoral e interior do estado
Foto: Sibylle-Zerr
O Sesc Jazz chega à sua 2ª edição com uma programação intensa, ao longo de três semanas. Entre os dias 8 e 27 de outubro, o festival possibilitará ao público ter acesso à ampla e diversa produção nacional e internacional do gênero.
As unidades Pompeia, Guarulhos, Santos, Araraquara, Bauru, Jundiaí, Piracicaba, Ribeirão Preto e Sorocaba receberão um total de 81 apresentações de 26 artistas diferentes, de quatro continentes, originários de 12 países: Brasil, Cuba, Espanha, Estados Unidos, França, Hungria, Inglaterra, Israel, Nigéria, Noruega, Suíça e Tunísia.
Esta diversidade é uma das principais características do festival, que busca reunir músicos de fora dos eixos tradicionais do jazz. O público poderá ter contato com as distintas vertentes da produção atual do jazz, apresentando um conceito expandido, que abrange estilos como R&B, blues, soul music, além de outros normalmente não associados ao gênero, como flamenco, música eletrônica, hip-hop e até o ritmo de origem judaica klezmer.
Segundo Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, “o Sesc Jazz busca linguagens experimentais, referências geográficas periféricas, artistas promissores, mas ainda pouco conhecidos, bem como a obra de musicistas mulheres, muitas vezes excluídas no âmbito das expressões instrumentais”.
Além dos shows, Atividades Formativas com caráter educativo e de difusão da linguagem do jazz somam à programação do festival. São encontros, workshops e palestras, que possibilitarão um contato próximo do público com importantes nomes nacionais e internacionais do universo jazzístico mundial. Estas ações serão realizadas nos locais que receberão os shows, além dos Centros de Música das unidades Consolação e Vila Mariana e do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.
Miranda complementa, “a programação pretende explorar as mutações, mesclas e cruzamentos possibilitados pela liberdade característica à criação jazzística, tratada também enquanto transmissão de experiências nas atividades formativas contempladas pelo projeto”.
A grade programática, elaborada por comissão curadora formada por técnicos do Sesc São Paulo, equilibra nomes de relevância histórica, com representantes de peso da vanguarda do jazz e artistas em ascensão. O show de abertura, dia 8 de outubro, ficará por conta da emblemática banda estadunidense Sun Ra Arkestra, criada pelo tecladista, filósofo e poeta norte-americano Sun Ra (1914-1993) – um dos principais nomes do jazz experimental e precursor da cultura do afrofuturismo. Atualmente o grupo é liderado pelo saxofonista Marshall Allen, de 95 anos, antigo braço-direito de Sun Ra.
Seguindo a linha dos representantes da história do gênero, o festival traz a lendária The Art Ensemble of Chicago (EUA), com seus 50 anos na estrada; o trompetista Arturo Sandoval (Cuba/EUA), vencedor de dez prêmios Grammy, conferindo ao jazz seu suingue cubano, além do talento de Egberto Gismonti (Brasil), que sobe ao palco com filho Alexandre Gismonti para apresentar experimentações musicais com violão e piano.
Expoentes da vanguarda jazzística estarão representados pelo Women’s Improvising Group, grupo composto exclusivamente por mulheres no final dos anos 70, em Londres, para fazer frente ao line-up só com homens em um festival na cidade. A cantora Maggie Nicols, única remanescente da formação original, convidou mulheres artistas de vários países, inclusive do Brasil, criando um grupo especialmente para as apresentações no Sesc Jazz.
Destaque também na vanguarda do jazz para as apresentações dos saxofonistas norte-americanos John Zorn e Gary Bartz. O primeiro irá mostrar repertório influenciado pelo free jazz e pelo gênero judaico klezmer. Já os shows de Bratz – que também é ufólogo – terá uma sonoridade distinta, com temas fruto de pesquisas sobre questões espaciais e de extraterrenos.
Mulheres – Um aspecto importante destacado pela curadoria do festival é a marcante presença feminina na programação, considerando que a música instrumental e o jazz são ambientes historicamente masculinos. O Sesc Jazz terá cinco band leaders mulheres, donas de trabalhos autorais. São elas as bateristas Terri Lyne Carrington (EUA) e Yissy García (Cuba), a tecladista Luísa Mitre (Brasil), a cantora Yazmin Lacey (Inglaterra) e a flautista María Toro (Espanha), que dividem o protagonismo da cena feminina com o Women’s Improvising Group.
Por fim, vale chamar a atenção no line-up do Sesc Jazz para mais dois pontos. Um deles é a escolha de artistas que tenham em comum o fato de serem, ao mesmo tempo, compositores e instrumentistas, mostrando ao público suas criações. A diversidade nas formações dos grupos também foi um elemento considerado. Há desde as tradicionais big band e piano trio, passando pelo o acordeão na banda do baterista Edu Ribeiro, a gaita de Mauricio Einhorn, o alaúde de Dhafer Youssef (Tunísia) e também duo de violões, com Duo+2, formado pelo Duofel em parceria com Carlos Malta e Robertinho Silva.