Vencedora da terceira edição do The Voice Kids, Eduarda Brasil lança EP Homônimo

Ela saiu do Sertão da Paraíba, de um povoado chamado Sítio Barra, na Zona Rural de São José de Piranhas, para encantar as telinhas de todo o país. Desde que pisou pela primeira vez no palco do "The Voice Kids", reality musical da Rede Globo, comandado por André Marques, Eduarda Brasil provou que, por trás da aparência delicada de menina/adolescente, havia uma cantora pronta. E que cantora! Logo na primeira aparição, interpretando o "Forró do Xenhenhém", cheia de graça, viu todas as cadeiras dos técnicos se virarem para ela. Com 15 anos, colocou a força e o sotaque da mulher paraibana na competição e acabou virando a grande campeã. Agora, sua voz cheia de personalidade chega ao primeiro EP, com selo da Universal Music, que tem como carro-chefe "Amiga que Presta".

No single, a pequena (só na altura, é bom frisar) divide os vocais com Márcia Fellipe, outra grande revelação do forró. "Estou muito feliz com tudo o que vem acontecendo em minha vida. Todos os projetos se encaminhando, a realização de um sonho, que era cantar com a Márcia, e poder levar o meu forró que tanto amo pro Brasil e pro mundo", festeja. Às vésperas do São João, o momento não poderia ser mais apropriado. Ainda no EP, Eduarda regrava "Verdadeiro Amor", hit da Banda Magníficos, dos versos: "Quantas vezes te falei / Seu amor pra mim se fez / Dentro do meu coração". É pra dançar agarradinho. Outra que segue o mesmo clima é "Seu Tempo Já Passou", que já andou pelo repertório de suas técnicas, Simone & Simaria. "Se quer saber como eu estou, eu estou bem / Se quer alguma coisa mais, não vem que não tem", avisa a letra. E tem ainda "Fiz Parte do Seu Jogo", com pinceladas de sofrência: "Não venha me dizer, que eu fiquei agindo errado esse tempo todo / Já estou sabendo que fiz parte do teu jogo / Isso serve de lição pra não errar de novo".

Errar, aliás, é uma palavra que - para ela - só existe em letra de música. A trilha de acertos começou ainda na infância. Foi Seu Antônio, o "vôzinho" sanfoneiro, quem ensinou Eduarda a gostar de música. "A gente é bem próximo. Desde pequenininha, ele sempre tocou pra mim, e eu cantei com ele", recorda. Durante o "The Voice Kids", ela mostrou seu talento com um repertório que passou por "Frevo Mulher" (do conterrâneo Zé Ramalho), "Lamento Sertanejo" (de Dominguinhos) e "Feira de Mangaio" (dos também paraibanos Sivuca e Glorinha Gadelha), mas que também contou com a lambada "Chorando Se Foi" e, ainda, "126 Cabides", grande sucesso de Simone & Simaria.

"Eu gosto de música boa. Ouço de tudo", frisa ela, agora com 16 anos. "Mas é o forró que bate mais forte. São minhas raízes, minhas origens, de onde eu venho...". E de onde ela vem, vieram também outras vozes femininas que marcaram seu lugar no primeiro time da MPB, como Elba Ramalho, Roberta Miranda e Lucy Alves. "Elas me inspiraram. E hoje, através das redes sociais, eu percebo que estou servindo de inspiração para outras meninas. Isso é muito bom", vibra.

Terminando o Ensino Médio, ela sonha em cursar Matemática. Mas isso se a nova carreira deixar. "O negócio tá é bom", brinca a cantora, que não se esquece da tarde de sonho que viveu no "The Voice Kids" até ser anunciada como vencedora. Sua vida, realmente, mudou da noite para o dia. Ou seria: da tarde para a noite? E mudou também para São José de Piranhas. Não apenas pelo nome da cidade ser ouvido em todo o Brasil, através de sua moradora mais ilustre, mas porque naquele mesmo 8 de abril choveu, depois de sete anos de uma seca devastadora.

Após levar o prêmio, Eduarda voltou para casa de jatinho e desfilou pelas ruas em carro aberto, já experimentando ares de pop star. "Mas continuo com os meus pés no chão. Não esqueço de onde vim e da minha cultura. Eu digo sempre: 'Não tenha vergonha do que é e busque sempre melhorar como ser humano'. Isso jamais vai sair de mim", frisa. Mas o que ela nem imagina é que esse é apenas o começo de uma bela estrada. O Brasil está apaixonado, ou - na linguagem do forró - "xonado", por Eduarda.