Por: Priscilla Lima

Banda Adão Negro comemora vinte e dois anos e anuncia passagem por São Paulo em maio.

Em bate-papo exclusivo com a equipe do Programa na Pista, Sergio Nunes, vocalista da banda, fala sobre a trajetória e a mini turnê com a banda jamaicana Israel Vibration nos próximos meses.

Compromisso com a verdadeira essência da música é o que define toda a trajetória de Adão Negro, uma das bandas mais aclamadas e respeitadas na cena musical do reggae baiano e que segue a todo vapor com uma carreira de sucesso construída ao longo de 22 anos de estrada.

 A banda teve origem em meados de 1996, mas foi só em 1998 que ocorreu a gravação do primeiro álbum da carreira intitulado “Adão Negro”. Porém, este álbum teve o seu lançamento somente dois anos depois, em 2000, num momento muito propício ao qual foi marcado pela ascensão do reggae e também do forró universitário, ritmo este que foi muito popularizado entre os jovens estudantes.

Foi no início dos anos 2000 que importantes bandas como Planta & Raiz, Ponto de Equilíbrio, Falamansa e Rastapé surgiram no meio musical. E a banda Adão Negro trilhava a sua caminhada por todo o Estado da Bahia apresentando ao seu público o conceito da música verdadeira preocupando-se com a ideologia e o lado sagrado também.

Vivendo um momento de conquistas em sua terra natal neste cenário artístico, a banda Adão Negro passa a expandir novos territórios incluindo em sua agenda de shows apresentações em diversas cidades do Brasil como Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.


Apresentação no Festival de Verão da Bahia em 2016

Com a demanda de shows crescendo e também por questões de logística, a banda decide fixar por um tempo residência em São Paulo, no bairro do Tatuapé, em 2004. Para Sergio Nunes, vocalista da Adão Negro, essa foi uma experiência muito enriquecedora para a banda.

“Sem dúvida esse período em que moramos em São Paulo foi de muito aprendizado na carreira da banda. Foi uma época a qual fizemos grandes amizades no meio. Muitos artistas foram revelados, alguns tiveram destaques na mídia com canções fazendo parte de trilhas sonoras de novelas, outros participaram de programas de tevês, mas a música reggae não se resume apenas nesse contexto. Todo artista quer ter a sua obra reconhecida e, para isso, é necessário fazer música com verdade, sem se importar apenas com a quantidade de pessoas que estão ouvindo suas canções, mas sim, focar na qualidade e na relevância que ela tem a oferecer na vida das pessoas”, diz Sergio Nunes.

Desde o início até os dias atuais é nítido compreender que os trabalhos da banda trazem letras com discursos para despertar a consciência crítica ao redor. Temas que embasam a luta contra todos os tipos de preconceitos, injustiças sociais, formas de opressão e mensagens positivas de amor, alegria e liberdade fazem parte de toda a obra da banda.


Apresentação no República do Reggae em 2016

Na discografia oficial de 2000 a 2018 foram lançados 8 álbuns, sendo eles: Adão Negro; Só Diretoria; Vence Tudo; Vence Tudo; Pele Negra; Mais Forte; #AdãoNegro e a coletânea Adão Negro 20 anos. Há, ainda, o álbum Be Free, lançado em 2016 com músicas inéditas cantadas em inglês, e também o #AdãoNegro que foi lançado bilíngue em português e inglês. Ambos os álbuns disponíveis apenas em serviços de streaming de música como o Spotify, Apple Music e Deezer.

Além dos shows por todo o Brasil, o lado social sempre foi muito valorizado e praticado pela banda. Um exemplo disso é o projeto “Adão Negro nas escolas” que intercala música e bate-papo com alunos tendo como objetivo evidenciar temas do cotidiano com foco na sociabilização cultural.

Há palestras e apresentações da banda num formato mais intimista visando à interatividade entre todos. As músicas da banda já seguem essa linhagem de um discurso ampliando temas como a inclusão, questionamento político, incentivo ao próximo, encorajamento e devoção. E isso abre portas para conquistar de modo verdadeiro a atenção dos alunos participantes.

“Vários formatos são viáveis na concepção do Adão Negro nas escolas, como o mês da Consciência Negra em novembro, no mês de maio acontece fóruns relacionados à obra de Marley, o Aulão do Enem, enfim, não há restrição. Vamos tocar e palestrar tanto para alunos da comunidade como também em grandes locais mais comerciais”, explica o vocalista.

E falando em dias atuais, a grande expectativa do grupo está na mini turnê que será realizada com os jamaicanos da banda Israel Vibration entre os meses de abril e maio, com shows já confirmados em Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo.

Para São Paulo, a apresentação será no dia 11 de maio, no Reggae Sessions com Israel Vibration, na Áudio, localizada na Barra Funda, e contará também com as atrações Mitchell Brunings e Planta & Raiz.

“Estamos na maior expectativa de rever os amigos e de nos apresentar novamente para este público de São Paulo que sempre nos acolhe muito bem. Em nosso repertório certamente faremos um mix com hits da banda, mas também pontuaremos algumas canções mais recentes que fazem parte do álbum #AdãoNegro, lançado em 2015”, revela Sergio Nunes.

Entre as novidades para esse ano, Sergio Nunes revela com exclusividade ao Programa na Pista que a banda já está há alguns meses em estúdio trabalhando faixas de seu próximo álbum, mas que ainda não tem previsão para lançamento. Certamente os fãs já ficarão na torcida acompanhando as redes sociais.

Confira abaixo alguns trechos desta entrevista exclusiva.

Programa na Pista: Qual significado a banda atribui ao nome “Adão Negro”?

Sergio Nunes/Adão Negro: Buscávamos um nome simbólico que fosse um emblema de tudo que se quer falar, ou seja, um conjunto temático. E como o reggae tem essa possibilidade de falar de engajamento e das questões mais primordiais dos seres humanos, em insights provocados pelas leituras de João Guimarães Rosa que fazíamos nos tempos de universidade, prontifiquei-me a buscar a figura de um adão diferente, com um olhar diversificado, quebrando padrões. Então, veio à mente uma figura de adão negro, uma exaltação da afrodescendência vivida aqui na Bahia. E foi assim que surgiu o nome da banda e no mesmo tempo a música escrita por Arthur Cardoso, que na época dividia microfone comigo na banda e que hoje segue em carreira solo com o lançamento de seu EP “MarleyGonzaga”.

Programa na Pista: Quais músicas atualmente estão em sua play list?

Sergio Nunes/Adão Negro: Estou ouvindo bastante o novo álbum do Natiruts, o “Índigo Cristal” que foi lançado no ano passado. Também estou ouvindo “Poetry in Motion”, que é o novo álbum da banda SOJA, os grandes clássicos que não podem faltar como Jacob Miller e Steel Pulse, além de estar bem antenado à nova geração do reggae nacional como Igor Salify, Maneva, Renata Bastos e Prince Áddamo. Fora do reggae, eu gosto de apreciar as obras de Chopin, ouço Paganini, Steve Vai e entre outros artistas.

Programa na Pista: Quais as novidades da banda para esse ano?

Sergio Nunes/Adão Negro: Estamos já há alguns meses em estúdio trabalhando faixas do próximo trabalho que ainda não tem definição para lançamento. O que posso adiantar é que este trabalho já está bem encaminhado e sendo feito com muito amor, assim como sempre depositamos esse sentimento em tudo que fazemos.

Datas e locais já confirmados dos shows da mini turnê Adão Negro / Israel Vibration 2018

28/04 – Lagoa Reggae Festival – Florianópolis - SC - www.lic.org.br
04/05 – Fundição Progresso - RJ - www.fundicaoprogresso.com.br
11/05 – Áudio - SP - www.audiosp.com.br

Por: Priscilla Lima. 
Fotos: Divulgação. 


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